Conhecer não é uma posição confortável. Mesmo que eu não queira, inevitavelmente preciso assumir uma postura, nasce um sentimento de compromisso com aquilo que tenho como princípio e fingir que está tudo bem quando sei que não está ou omitir-me quando sei que fará alguma diferença, causa um sentimento de culpa. Na verdade, não é só um sentimento; é culpa mesmo!
Isso é uma dádiva. Posso eliminar as limitações na medida em que as aceito e trabalho no sentido de superá-las... Mas há um preço: depois disso, o nascer do sol nunca mais será o mesmo; o meu olhar não é mesmo; eu não jamais serei o mesmo de outrora. Porém, ao mesmo tempo, percebo algo de errado. E, de repente, olhando ao redor, me dou conta de que estou sozinho... e nesse ponto a dádiva se torna maldição.
É uma maldição, porque é um caminho solitário. É uma estrada tortuosa, mal cuidada, cheia de obstáculos justamente porque eu vejo que poucos além de mim enveredam por esse caminho, o qual nada mais é que a trilha do desconhecido, aquele caminho sombrio, encoberto pela névoa. É preciso coragem, força de vontade e, acima de tudo, manter a chama da esperança acesa para ir até o fim, mesmo porque não há como voltar e, mesmo que houvesse, eu jamais voltaria. Contudo, é inevitável olhar para trás, mas ao olhar vejo que as outras pessoas estão seguindo pela mesma estrada e que, de fato, não são elas que não me acompanham, mas eu que não quero acompanhá-los.
Eu tento, juro que tento: diminuo a velocidade; espero um pouco... não dá! Afinal, eu já havia percorrido aquele trecho antes e já conheço o caminho... isso me deixa entediado. Então volto a seguir no meu ritmo e encontro tantas maravilhas, enfrento tantas tempestades; mas fico triste. Muitos, independente do motivo, nem chegarão até aquele ponto: ficarão pelo caminho. Um oráculo, então, vendo a minha agonia, resolveu me dar uma resposta concreta: uma vez, e somente uma única vez, ele me revelou que o meu dever é ajudar as outras pessoas enveredar pelo desconhecido. Deus! Como é difícil fazer isso... Como é difícil ajudar quem não quer ser ajudado e como é doloroso saber que não posso caminhar por eles...
A alternativa que me resta é deixar pistas na esperança de que, quando passarem por onde já passei (se passarem por ali), alguém siga o mapa e interprete os sinais que escrevi.
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