quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

AO MESTRE COM... CARINHO?


Professor! Eita profissãozinha de merda! Que foi não gostou? Ah! Você é professor? Adivinhe só cara pálida: eu também sou e, da mesma maneira que sou pestistinha de merda sou também um professorzinho de merda, pobre porém honrado! Meu primeiro emprego como mestre foi num projeto social que ajudava crianças carentes... exceto pelos socos e pontapés que eu levei por tabela nas brigas que tive de separar, as algazarras na sala de aula, o desrespeito de alguns — já me mandaram pra tudo que é lugar —, foi a experiência mais marcante da minha da vida. Mas, não estou aqui para falar da minha vida e nem da profissão de professor... Hoje vou falar dos professores.

Todo mundo, especialmente os professores, reclama da maneira como os teachers são tratados, de como nós somos martirizados, acabrunhados que estamos com a nobre arte de ensinar. Digo arte, porque é necessário, antes de mais nada — antes mesmo da teoria e da técnica —, um dom peculiar, como são todos os dons. E, infelizmente, a maioria daqueles que se dizem professores não possui esse dom, que é o dom de ensinar... não entendeu? Procure um professor para te explicar (tomara que ele tenha o dom).

Contudo, nós não somos tão mártires assim e nem somos tão bonzinhos. Somos maus mesmo! Somos, às vezes, cruéis, somos chatos, somos persistentes, mas não por mero prazer.. bom, admito que alguns realmente sentem prazer em se tornar tiranos malditos... porém, no geral, temos essa postura porque somos mestres e todo mestre que se preze exige, no mínimo, o melhor de seus discípulos. O problema é que os discípulos de hoje simplesmente não querem dar o seu melhor nem respeitam a dignidade dos seus mentores que o que mais sonham na vida é passar algum conhecimento (bem... em alguns casos, não necessariamente).

Por outro lado, há alguns professores que merecem sofrer tudo o que sofrem. Eu conheci e conheço muitos professores que merecem muito mais do que um tiro no meio da fuça. Na minha cidade, por exemplo, eu insisto que o nome da secretaria de educação deveria mudar para secretaria da ironia, porque — salvas raríssimas exceções, dentre elas a minha excelentíssima esposa — os professores da rede municipal são burros e mal educados, assim como a secretária de educação e todos os seus subalternos, incluindo os miseráveis puxa-sacos vulgarmente conhecidos como “diretores”.

Tenho visto ultimamente muitos assim chamados “especialistas” falarem que “é preciso uma mudança estrutural na educação, em todas as esferas”. Discordo. Não é possível mudar um sistema na atual condição do Brasil porque o sistema não quer ser mudado e, mesmo que pudesse, aqueles que podem mudá-lo não iriam querer fazê-lo (do contrário, não fariam parte dos capazes de mudar o sistema).  O que deve ser mudado, sim, é a concepção geral que se tem sobre a educação brasileira e, a partir disso, fazer com que todos e cada um tenha em mente a sua importância. Não obstante, os políticos deveriam cumprir sua obrigação, que inclusive consta na Carta Constitucional Brasileira, de tornar o acesso a educação realmente universal. Não uma educação universal meramente quantitativa como a pauta do PSDB prega, nem tão somente qualitativa como o PT reivindica.

Mudar uma concepção é parte de um processo de mudança cultural, o que pode demandar centenas, até milhares de anos. Falando assim, parece algo impossível de alcançar, mas eu pergunto: como você, que está lendo este post, acha que Europa e EUA se tornaram modelos? É necessário um repensar constante de práticas e teorias para que uma concepção mude e ela nunca muda por completo. Na maioria das vezes, se mascara de ideologia e continua da mesma forma em essência.

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