quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O BRILHO DA ALMA

Eu formo amizades não por arquétipos nem interesses, mas pelo brilho da alma. Existem almas de múltiplas cores: castanhas; cor-de-mel, quase amareladas... outras são acinzentadas; algumas são exóticas: verdes, azuis; outras são mutantes: verdes e azuis; castanhas e acinzentadas. Existem, também, as almas negras.



O brilho da alma é o brilho do olhar e este revela a profundidade da alma. Não é, portanto, a cor da alma que me instiga, mas a intensidade do seu brilho. As almas apagadas e foscas não me interessam... fico com aquelas tão brilhantes que, ofuscando  o brilho da minha, forçam-me a intensificá-lo mais e mais. Quanto às almas apagadas e foscas, resta-me apenas estender uma faísca, um lampejo.

A alma lavada não é necessariamente limpa, assim como os olhos lacrimosos não denotam apenas a tristeza. Nem as brilhantes são necessariamente boas, da mesma maneira que as foscas  não podem ser consideradas totalmente ruins.

As almas ao meu redor são um misto de paradoxos sem sentido,  cores e brilhos inumeráveis, formas e traços indefiníveis... uma junção de peças desconexas que se conectam apenas pelas frestas. Essas são a minha própria alma.


(este texto é uma leitura, de minha autoria, do poema "Loucos e Santos" de Oscar Wilde).

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